Este tópico remonta ao longínquo 9º
ano escolar dos personagens envolvidos nas temáticas do distinto blog.
Certo dia, a turma foi presenteada
com uma visita de estudo, organizada pelo prof de Geografia, que consistia na
sua essência em visitar bairros típicos de Lisboa, como Alcântara. Penso que
estava em estudo algo relacionado com demografia, mas a memória não chega a
tanto.
O episódio que quero relatar, não
ocorreu durante a mesma, mas sim já ao final do dia, após o terminus da dita e
já de volta ao liceu. Foi-nos fornecido durante a visita uma quantidade de
folhas que continham informação relevante e com algumas questões que teríamos
de preencher conforme o que íamos visualizando. Aquilo parecia mais um manual,
tal era o volume e desconforto que nos trazia ao a carregar com aquilo pela
capital. O calhamaço ia ficando cada vez mais amachucado no decorrer do dia.
Ia-se enrolando para mais fácil o seu transporte…
Estava a tornar-se uma espécie de
bastão pela forma robusta e cilíndrica que se formava nas mãos dos petizes,
ávidos de libertar energias da tensão acumulada pelo peso e inutilidade que
conferiam à documentação.
Ora bem, na altura, quem pontificava
como elemento digno de ser vergastado pelos colegas, vulgo “o saco”? Era o Emanuel! Estranho camarada, que se
debatia com o “Geleia”, pela glória desse título…
Por impulso gerou-se uma terapia
conjunta de descarga de stress, e a “chibatada” iniciou-se com cerca e 4 ou 5
elementos de canudo em riste a malhar no débil corpo do Emanuel… que com ar
sofrido suplicava para pararem tão pouco merecedor castigo. Eu próprio
participei no linchamento, em 1º fila, obviamente por motivos medicinais…
Disseram os mais atentos que até cerrava os dentes, tal foi o afinco que
atribuí á terapêutica…
O coitado agonizava em dor, mas os
implicados deram à soleta, e entraram na sala de aula como nunca… talvez mesmo
até antes do toque, tão interessados estavam naquele momento para se
instruírem.
Certo é, que para o pasmo da tropa
de correção e seus colegas de turma, assomou-se alguém na entrada da sala
indicando que o Emanuel tinha tido pouca capacidade de encaixe e foi se queixar
ao conselho diretivo. A culpa morreu no ato, pensámos… Ir ao concelho diretivo
era algo demasiado grave para nos enchermos de coragem e de peito feito…
assobiar para o ar, parecia uma opção válida perante exequíveis punições. E eis
que em audaz atitude, assumindo o papel atribuído como delegada de turma, a
“Xerife”, dirigiu-se então à penitenciária…
Mais não posso relatar, pois a
memória ficou por aqui… o que sucedeu depois, é uma enorme branca…
Moral da história: O Emanuel
amachuca mais que o papel...