quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O corpo (do Emanuel) é que paga


Este tópico remonta ao longínquo 9º ano escolar dos personagens envolvidos nas temáticas do distinto blog.
Certo dia, a turma foi presenteada com uma visita de estudo, organizada pelo prof de Geografia, que consistia na sua essência em visitar bairros típicos de Lisboa, como Alcântara. Penso que estava em estudo algo relacionado com demografia, mas a memória não chega a tanto.
O episódio que quero relatar, não ocorreu durante a mesma, mas sim já ao final do dia, após o terminus da dita e já de volta ao liceu. Foi-nos fornecido durante a visita uma quantidade de folhas que continham informação relevante e com algumas questões que teríamos de preencher conforme o que íamos visualizando. Aquilo parecia mais um manual, tal era o volume e desconforto que nos trazia ao a carregar com aquilo pela capital. O calhamaço ia ficando cada vez mais amachucado no decorrer do dia. Ia-se enrolando para mais fácil o seu transporte…
Estava a tornar-se uma espécie de bastão pela forma robusta e cilíndrica que se formava nas mãos dos petizes, ávidos de libertar energias da tensão acumulada pelo peso e inutilidade que conferiam  à documentação.
Ora bem, na altura, quem pontificava como elemento digno de ser vergastado pelos colegas, vulgo “o saco”?  Era o Emanuel! Estranho camarada, que se debatia com o “Geleia”, pela glória desse título…
Por impulso gerou-se uma terapia conjunta de descarga de stress, e a “chibatada” iniciou-se com cerca e 4 ou 5 elementos de canudo em riste a malhar no débil corpo do Emanuel… que com ar sofrido suplicava para pararem tão pouco merecedor castigo. Eu próprio participei no linchamento, em 1º fila, obviamente por motivos medicinais… Disseram os mais atentos que até cerrava os dentes, tal foi o afinco que atribuí á terapêutica…
O coitado agonizava em dor, mas os implicados deram à soleta, e entraram na sala de aula como nunca… talvez mesmo até antes do toque, tão interessados estavam naquele momento para se instruírem.
Certo é, que para o pasmo da tropa de correção e seus colegas de turma, assomou-se alguém na entrada da sala indicando que o Emanuel tinha tido pouca capacidade de encaixe e foi se queixar ao conselho diretivo. A culpa morreu no ato, pensámos… Ir ao concelho diretivo era algo demasiado grave para nos enchermos de coragem e de peito feito… assobiar para o ar, parecia uma opção válida perante exequíveis punições. E eis que em audaz atitude, assumindo o papel atribuído como delegada de turma, a “Xerife”, dirigiu-se então à penitenciária
Mais não posso relatar, pois a memória ficou por aqui… o que sucedeu depois, é uma enorme branca…
Moral da história: O Emanuel amachuca mais que o papel...